[OPINIÃO] ESC: Da união à injustiça


Música. União. Entretenimento. Mediático. Popular. Polémico. Megalómano. Politizado. Injusto. Todas estas palavras servem para descrever o Festival Eurovisão da Canção. Umas mais certas que outras, mas todas se encaixam. O ESC para além de ser a união de grande parte dos países europeus, e não só, num único evento, é também motivo de muitas injustiças e conspirações históricas.

Os eurofãs conseguem, de forma muito fácil, identificar os países que têm boas relações e os que não se aguentam. Basta analisar as votações. Temos, por exemplo, o Chipre e a Grécia que trocam sempre altos pontos entre si. Ou, um caso oposto, o Chipre e a Turquia que nunca trocaram um único ponto, porque a Turquia não reconhece o Chipre. Nenhum outro evento a nível regional ou mundial é tão politizado como a Eurovisão. E porquê? Porque a Eurovisão representava as tradições dos países. Representava o que os países eram. As canções cantadas na língua oficial do país, cheias de elementos característicos e tradicionais.

Mas o ESC já não é assim. Por isso não incluí a palavra tradição ali em cima. O ESC já não é tradição porque se adaptou aos tempos modernos. Fruto da globalização e da aproximação dos costumes entre os povos. E isso reflete-se nas músicas que chegam ao palco eurovisivo. Soam ao mesmo, todas dentro do mesmo estilo. Por isso tenho sempre um carinho especial pelos países que inovam. E muitos dão-se bem.

Os que defendem que Portugal deve participar na Eurovisão porque já é tradição não usam um bom argumento. A tradição é que nos tem mantido parados no tempo. Basta ouvir o nosso FC e chegamos à conclusão que as músicas parecem vindas dos anos 70 e 80. Principalmente as que são compostas pelos que organizam o FC! E isto diz tudo, parámos no tempo! Porque para nós o ESC é tradição, é enviarmos uma música que demonstre o que o nosso país é. Assim não chegamos lá, está mais que visto. Portugal devia continuar a participar no ESC mas precisa de mudar radicalmente a sua posição no concurso. A fraca indústria musical portuguesa não ajuda. Só os cantores “populares” é que conseguem editar discos. E ainda somos muito fechados musicalmente. Felizmente isso tem vindo a mudar com as novas gerações, e vemos que aparecem cada vez mais nos tops músicas estrangeiras. Acredito que Portugal um dia voltará ao ESC. Mas não se iludam, não é para breve.

Os suecos prometem trazer uma nova ideologia ao certame. Ideologia que apoio. É preciso gastar menos, é preciso tornar o ESC menos megalómano. Um palco mais pequeno, menos led’s, aproximar o ESC a um concerto, são tudo ideias positivas. É preciso tornar o evento mais jovem e mais próximo do público e penso que estamos no bom caminho.


Não sigo a Eurovisão há tantos anos como muitos de vós. Nem tão perto conheço todas as músicas, nem sequer as vencedoras. Mas este evento é único e a semana dos ensaios e semifinais e final é santa.

Guardo muitas atuações memoráveis na memória e faço questão de as recordar de vez em quando. Lordi, Helena Paparizou, Vânia Fernandes, entre tantos outros fazem-nos ficar presos ao ecrã. O ESC é um concurso digno e quem diz o contrário não conhece a sua realidade.

Por: João Diogo

8 comentários:

  1. "O ESC já não é tradição porque se adaptou aos tempos modernos"

    E desde quando Tradição não pode combinar com Modernidade?

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  2. Se só os cantores “populares” é que conseguem editar discos, então deviamos enviar esses cantores populares ao ESC

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  3. Muito boa crónica! Parabéns.

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  4. Não quero parecer injusto e nem desmoralizar uma crónica que eu própio nao seria capaz de fazer...mas quero dizer ao autor,,,que para fazer uma crónica que nos remete para a história do ESC é preciso saber do próprio tema. Veja nas fntes devidas que em 2004 po exemplo houve várias trocas de votos entre Turquia e Chipre (com trocas quero dizer que ambos paises se votaram e não que foi combinado).
    Por outro lado verifico que existem muitos mais países que distribuem geralmente votos entre si, mas também penso que esse facto pode ser consequência de uma panóplia de factores e que até pode estar relcionado com o facto de das pessoasdos paises que votam pois os paises em si nao em si os votantes) estar mais familiarizados com cantores e tipos de musicas vizinhas.
    Quantas vezes não deu Portugal pontos às canções espanholas e quantos anos a França não deu pontos às canções portuguesas, mesmo sem televoto?
    A crónica apresentada parece-me ter boas intenções mas a fundamentação não parece acrescentar nada de novo: de facto a suécia emtempo de crise quer poupar e é uma ideia interessante...mas a evolução do festival é o resultado da evolução da própria história:
    as canções tradicionais ou seja o tradicional de cada país nunca foi muito utilizado antes dos anos 80 no festival da eurovisão. Talvez a Espanha e poucos mais países recorressem a essas estratégias. de facto o festival optou tradicionalmente pelomais comercial que se foi fazendopela europa fora.
    O Esc foi sempre um festival moderno assim como foi o Festival RTP, este moderno e inovador.
    que os compositores portugueses e cantores não queiram arriscar já é outra questão.
    O festival rtp é um festival quase sempre aberto a quem queira concorrer, não reonhecendo o conceito de pais fechado ao nivel musical.
    no nosso pais, parece-me que musicalmente temos tanto de tradicional e valorizamo-lo como de modernidade mais ou menos importada a influencias estrangeiras.
    A importancia de participar no ESC será porque é uma tradição como enviar representantes aos Jogos Olimpicos ou às olimpiadas da Matemática, porque representa também um serão que muita gente espera anualmente, mas porque também ajudará o lançamento internacional de um produto nosso e que podera ajudar os jovens e menos jovens, conhecidos ou mais conhecidos músicos a alcancarem o mercado internacional.Se tal facto aconteceu pouco nao foi certamente só culpa da RTP.
    Espero que se volte quando se puder à eurovisão, porque penso que apesar de nunca temros vencido deixamos vago o nosso lugar, me que quase sempre nos 3 minutos que nos competiam se ouvia a lingua portuguesa a ser cantada para o muno inteiro.
    Peço desculpa e garanto te que foi uma pequena critica construtiva.
    Paulo

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  5. Não se deveriam fazer crónicas sobre assuntos que se desconhecem ou no mínimo fundamenta-se a sua opinião. Além do que não se diz "o Chipre" mas "Chipre", sem artigo definido tal como se diz "Malta" (e não a malta lá do bairro quando se menciona a ilha independente no meio do Mediterrâneo)...

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  6. Gostei muito do texto e partilho muito do que foi escrito. Parabéns e continuem a publicar artigos dos fans

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  7. Gostei do artigo mas não concordo com algumas coisas por isso "O ESC já não é tradição porque se adaptou aos tempos modernos" . Poderia bem continuar a ser apenas criou-se um esteriotipo do qual confesso que na maior parte das vezes não sou fã. Podias ter dado um exemplo melhor do que o Chipre-Turquia porque pelo que já contei não está correcto. De resto concordo. Parabéns e continuem com estes artigos.

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