[OPINIÃO] O ano de Conchita


Uma mulher barbuda é a imagem mais imediata que se tem do vencedor da eurovisão…sim, vencedor porque Tom Neuwirth não mudou nem pretende mudar de sexo. Conchita Wurst é a sua persona pública, o seu alter ego artístico. Como sempre é fácil recorrer aos clichés e ao preconceito porque não se quer pensar e enfrentar a realidade como ela é. A realidade é que Tom provou em palco antes, durante e depois da Eurovisão o seu talento e a sua capacidade de capitalizar a imagem de drag queen com barba. Isto sempre aliado a uma mensagem de igualdade e luta contra a discriminação.

Gerou dicotomia e polémica mas Conchita Wurst é um caso de sucesso. O consenso ultrapassou o freak show que poderia ter sido. A começar pela escolha da canção. Teria sido talvez mais evidente ter trazido o uptempo da sua proposta anterior “That’s what I am”, com que ficou em segundo lugar, em 2012, na final nacional austríaca. Menos schlager e mais banda sonora de filmes 007 dos anos 70. Ninguém foi indiferente à sua presença de femme fatale glamourosa mas com algo para dizer.

Conchita teve um ano cheio de espetáculos e aparições por toda a Europa, incluindo o programa de fim de ano da BBC. Desfilou com Jean Paul Gautier, fotografou com Lagerfeld, discursou no Parlamento Europeu e deu voz a uma personagem da Disney. Em maio, as pesquisas pelo seu nome no Google ultrapassaram as de Lady Gaga e Beyoncé. Conseguiu os seus 15 minutos de fama na América ao aparecer na passadeira vermelha dos Golden Globes e ao ter um anúncio com a sua cara em Times Square. Chegar aos States não é para todos. Well done, Conchita!!!

Nenhum dos vencedores recentes do certame granjeou o mesmo nível de exposição. A isso ajudaram as audiências da Eurovisão que continuam a crescer, para regozijo da UER. As semifinais e final reuniram 195 milhões de espectadores. Uma verdadeira estrela mundial feita da noite para o dia. Contudo, a fama é passageira e Conchita pode até ser uma estrela cadente. Algo que vai durar é a sua contribuição para diluir as barreiras do preconceito em relação ao género e à sexualidade. “A sua mensagem é poderosa”, disse o secretário geral da ONU. Uma coisa é certa: 2014 foi o ano de Conchita e o início de 2015 leva o embalo do ano anterior. 

Por: Luís Florindo
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Fonte: ARTIGO DE OPINIÃO DE LUÍS FLORINDO Imagem: GOOGLE

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