[OPINIÃO] Tolerância Zero!

Com uma oportunidade destas de dizer o que penso sem pensar no limite de palavras, é obvio que ia aproveitar, por isso cá estou eu com uma crónica sobre esta intensa temporada ESC que, como não podia deixar de ser, teve os seus altos e baixos, a começar por cá.

Portugal organizou um FC longe de ser perfeito e longe da organização que ele merece. Porquê? Fácil a resposta! Primeiro porque o FC não é um certame de estúdios, ele merece única e exclusivamente grandes arenas tal como em 2010 nos fizeram crer que finalmente se estava a aproveitar o potencial do concurso. Não há dinheiro? Então é simples, não se faz. Não podemos/queremos ganhar? Então não participamos… Depois de tantos anos o nosso único pensamento devia ser só ganhar mas, a começar pela RTP, não há ambição para isso. Chega de disfarçadamente enganar os fãs portugueses enquanto que o único objetivo parece ser apenas conhecer um país novo de graça todos os anos. As canções do FC2012 foram fraquinhas mas não faltou potencial. Não há receitas para vencer o ESC, mas uma coisa é notória e falo então dos extremos. Jogar pelo seguro passa por enviar uma canção muito pop, uma baladona que deixe toda a gente boquiaberta ou outra coisa qualquer de bom gosto, com qualidade e com o seu quê de originalidade (Grécia e Chipre não tiveram nada de original). A nossa canção deste ano não é Fado; este ninguém o pode substituir e não tenho a mínima dúvida que se tivéssemos levado um Fado (realmente Fado) forte ao género “Ó Gente da Minha Terra”, teríamos tido uma boa classificação na final. A nossa canção tinha também muito potencial mas este não foi devidamente aproveitado, principalmente no que toca ao instrumental que podia ter sido muito mais forte, o que me leva a questionar qual foi o papel do produtor escolhido, mas há aqui que deixar uma palavra amiga aos nossos representantes, principalmente à Filipa Sousa por toda a sua dedicação e por toda a sua entrega. Portugal esteve muito bem representado, fomos impecáveis em palco e estamos de parabéns. Não passamos porque a concorrência foi forte, genericamente merecíamos passar mas por outro lado tivemos o que merecemos por não termos feito tudo o que podíamos pela canção. Nota negativa também para o facto dos verdadeiros responsáveis pela canção (Carlos Coleho e Andrej Babic) terem ficado cá (mais uma incoerência). Continuamos a não fazer o que podemos e aqui é importante dizer que a culpa não é inteiramente do nosso chefe de delegação. Ele é um empregado da RTP, não faz tudo como bem quer e lhe apetece mas não deixa de ter a sua quota parte de culpa, por isso é que falo sempre da RTP em geral. A maioria das pessoas pode dizer “se tivéssemos passado ele não estava a dizer isto”, mas acreditem que estaria porque se tratam de factos que há muito estamos habituados. Provavelmente isto não surtirá efeito nenhum mas não custa tentar; estou convencido de que a RTP sabe bem o que fazer para ganhar lá fora e aqui fazer um FC digno de assim ser chamado, resta saber porque é que não o quer fazer. Como eu não sou bruxo e não adivinho, já começo a pensar que se trata de “pura incompetência”... a organização do FC parece já um daqueles típicos tachos públicos que se arranjam para o amigo deste ou daquele ter algo para fazer. Depois até podia correr mal no ESC, mas pelo menos não ficávamos com a sensação de que não fizemos tudo o que estava ao nosso alcance como está a acontecer neste momento. Como já disse, o nosso pensamento só devia ser GANHAR, fazendo tudo o que fosse preciso (tipo cantar em inglês, não?) Eu já estou por tudo, até pela desistência (a continuar assim mais vale mesmo desistir), por isso agora, com Portugal, é Tolerância Zero!

Resta me falar do ESC2012, cuja organização inicialmente eu achava que ia dececionar, mas fiquei surpreendido. Como muita gente já sabe, não sou adepto das garras que estragam a estética da vista do público, mas este ano o ESC teve um ar mais MTV European Music Awards, ou seja, moderno e próximo do público (mas ainda muito longe do pretendido). Mesmo assim esse efeito podia ter sido criado sem esses corredores inestéticos que ainda assim não chegaram ao cúmulo de 2011 (embora fossem 2 este ano). O palco funcionou melhor à distância, tal a sua grandiosidade (dispensava aquela rampa traseira). Os cenários podiam ter sido melhores mas gostei bastante dos planos que mostraram o público, se bem que ainda podiam ter sido mais. O Azerbaijão esteve no geral muito bem na organização do ESC2012 mas os apresentadores estiveram longe de estarem aceitáveis. O rapaz tinha demasiados tiques e uma pose nada natural, a rapariga dos votos provavelmente não sabia nada do que estava a dizer (podiam-na ter ensinado a dobrar a língua, pois aquele inglês era deprimente, então quando os porta vozes dos países lhes perguntavam alguma coisa, era ver aquelas caras aflitas de quem não está a perceber nada). A única que foi aceitável foi a advogada que devia ter tido muito mais protagonismo, ao invés dos outros amadores, isto já para não falar dos gráficos que não eram nada parecidos com os de 2011 (ironia), aliás, havia demasiados traços da anterior organização do ESC deste ano. De notar ainda que o ESC se está a tornar se muito monótono… o esquema é sempre o mesmo (canções, intervalo, votação) e tal já começa a cansar, sendo necessário inovar e surpreender pois aquilo está cada vez mais secante. Nota também para os representantes que devem aprender a falar inglês antes de irem para um certame daqueles (por favor), é deplorável quando alguém lhes pergunta algo e ficam tipo "ah?" e, já agora, que se passava com a Loreen? Peço desculpa se ofender alguém, mas parecia que estava encharcada de calmantes... apetecia-me chegar lá, dar lhe uns abanões e dizer: ACORDA, principalmente durante a votação.

Bem, antes de terminar não posso deixar de agradecer à equipa do ESC Portugal por toda a dedicação e aos fãs que cada vez fazem crescer mais e mais os nossos números que demonstram os milhares de visitantes que recebemos diariamente! Obrigado novamente :)

E assim acabo

Abraços a todos!

Por: Eurico Alves