[OPINIÃO] FC2015 - Ondas de mudança?


Estatisticamente há um mar que nos separa (sim, a nós Portugal) do resto dos países participantes no ESC, isto em termos de vitórias conseguidas. No fundo (mas não do mar), um mar de pontos e de glórias que outros repetiram, como é o caso de países como a Irlanda, várias vezes pontuada com ondas gigantescas de votos, que fazem deste país um recordista.

Nunca tivemos a conquista máxima pelos mares navegados há décadas por vários outros países no ESC. Os ventos nem sempre nos ajudaram…

Durante muito tempo uns defendiam que não levávamos ao ESC a “fórmula” certa para encontrar, entre povos estrangeiros, a ilha dos amores. Outros, defendiam que deveríamos levar fados, outros que só alcançaríamos terra firme com músicas produzidas com recursos a novos instrumentos de marear: equipamentos eletrónicos, enfim… um mar de opiniões, um mar de comentários sobre o mar, esse nosso eterno amigo e inimigo.

Também um mar de opiniões tem separado apreciadores, músicos e fãs, quanto ao tipo de plano que deveríamos levar para navegar fora de Portugal. Mas, este ano, o plano bem interpretado por Leonor Andrade espantou tudo e todos com a sua forma de navegar nestas águas eurovisivas: uma solução diferente que adivinha mudança? Os que pareciam inclinados a pensar que os gigantes do mar alcançariam a vitória no FC... enganaram-se, os que queriam levar ao mundo o nosso “fado”, o fado eterno fado (assim como o eterno mar), fruto de aventuras e desventuras oriundas de antigas descobertas e epopeias, também se enganaram! O mar engana os mais corajosos e prevenidos, é um poço de surpresas… E, este ano, a proposta de Miguel Gameiro surpreendeu muitos e aviva-nos novamente a vontade de conquista de novos mares rumo a uma boa classificação eurovisiva.

Esperemos que este mar muito bem interpretado pela musa Leonor, nome de rainha portuguesa que nada temeu, consiga para Portugal um oceano com terra à vista. A música vai ao encontro das emoções, nos versos, na letra e nas conjugações de sons, com os gráficos que a apresentação em palco a acompanha. Os ombros nus de Leonor, enquanto canta, estão protegidas por penas reconfortantes e mostra-nos - cantando - que não teme o mar.

A música possivelmente nada tem a ver com descobertas marítimas, pelo que esta opinião é como as ondas: vão umas e vêm outras, esta (a minha) portanto de pouco vale e nada quer impor! Mas é curioso como, este ano, o mar faz novamente acreditar os portugueses numa epopeia em Viena. Afinal, um mar que nos une (e deve unir certamente) numa época habitualmente tida como “de consensos” necessários.

Eleita a canção vencedora, todos juntos por Viena devemos remar… neste mar...


Por: Sérgio Dias
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Fonte: ARTIGO DE OPINIÃO DE SÉRGIO DIAS /  Imagem: RTP

5 comentários:

  1. Gosto de ler cenas diferentes por pessoas diferentes (com muito respeito para quem trabalha todos os dias neste site que fazem um trabalho excepcional), mas é bom ler artigos de pessoas que nao escrevem habitualmente, como é o caso deste e do de ontem

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  2. Adorei ler este texto, primeiro que tudo porque está muito bem escrito, depois porque me ri, porque quando estou a ouvir as canções que concorrem ao festival, costumo dizer, mas porque é que será que desde há anos que é raro ouvir uma letra que não tenha as palavras mar e navegar, se eu mandasse proibia estas duas palavras de entrarem nas letras das músicas, a coisa parece que faz parte do regulamento, já não posso com tanto mar e tanto navegar no festival. Mas vou abrir uma excepção a esta proposta do Miguel Gameiro, porque gosto da música, gosto da Leonor e embora, lá esteja novamente o já mais que enjoativo mar como tema, este mar é já mais revolto e parece querer trazer ventos de mudança. Pode ser que finalmente cheguemos a bom porto e se ainda não for desta, pelo menos eu gosto deste "mar que nos separa" e isso já não podia dizer desde a "Senhora do Mar". Espero também que para o próximo ano, os letristas consigam fazer letras onde não entre nem a palavra mar, nem a palavra navegar, é que já não se aguenta minha gente.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Muito bonito, bem escrito e inspirado este artigo do Sérgio Dias.

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